No dia 9 de agosto é celebrado o “Dia Internacional dos Povos Indígenas“, data criada pela ONU em 1994, que dá luz ao Direito às condições de vida e de cultura dos povos.
A Declaração da Conferência Mundial da UNESCO sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável (MONDIACULT 2022), destaca o comprometimento dos representantes dos países participantes, em “aplicar marcos jurídicos e de políticas públicas que defendam os direitos dos povos e comunidades à sua identidade e patrimônio cultural, incluindo as expressões das culturas dos povos indígenas”.
Nessa perspectiva, os povos indígenas, com seus saberes ancestrais, tradições e modos de vida e, também, como guardiões da natureza, são indissociáveis das discussões climáticas. É o ponto de convergência entre salvaguarda do patrimônio cultural e da vida.
Recentemente tive a oportunidade de conhecer a história da primeira Brigada Feminina brasileira formada por mulheres dos povos Xerentes, do município de Tocantínia (TO). Conversando com o profissional responsável pelo treinamento, o destaque foi para dedicação, a bravura e o comprometimento das mulheres em contribuir para o combate às queimadas no Cerrado, disseminar conhecimentos e inspirar outras mulheres na participação ativa frente a preservação ambiental. Porém, uma das dificuldades em manter a Brigada ativa é a falta de renda das mulheres.
O diálogo é urgente e a Cultura, em suas dimensões – simbólica e cidadã – é protagonista no chamado às discussões.
Em São Paulo, o Museu das Culturas Indígenas, segue com essa proposta. Na fachada, ao invés de Museu, a palavra que denomina o espaço é “TAVA – Casa da Transformação”. Logo na entrada, a explicação: “Tava, para os Guarani significa casa de transformação, se apresenta como de uma escola de construção coletiva de conhecimentos sobre a diversidade étnica no Brasil. Aqui, vamos dialogar sobre história, filosofia e arte; sobre sonhos e diversas formas de se pensar e transmitir saberes e fazeres tradicionais – ainda pouco presente nas escolas e nas instituições museológicas públicas”.
Em post realizado pelo Ministério da Cultura, no Instagram, em 07/8, na abertura do 1º Fórum Internacional sobre Cultura, Sustentabilidade e Cidadania Climática, a Ministra Margareth Menezes deu ênfase a existência do vínculo entre práticas culturais dos povos amazônicos e a preservação ambiental: “garantir o direito de transmissão desses saberes é contribuir para a superação dos nossos desafios climáticos atuais e futuros. A cultura protege e gera riquezas”.
Essa é a proposta.
Por Luanda Bonadio