Criatividade, Cultura e Agenda 2030

O dia 21 de abril foi designado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2017, como o Dia Mundial da Criatividade e Inovação. A data tem como propósito aumentar a consciência sobre o potencial dessas capacidades para o desenvolvimento humano e para as soluções de problemas complexos da sociedade. Mas na prática, qual a relação entre Criatividade, Cultura e Agenda 2030?

Os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, os ODSs, da Agenda 2030, trazem um conjunto de metas cujo cumprimento estão em ações centradas no ser humano. Para nós, que vivemos no coletivo, é a Cultura que molda a nossa identidade. Dela surgem formas de criação simbólica como os saberes, os valores, as formas de vida, as linguagens artísticas. As artes contribuem para o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo e é uma forma de manifestação da criatividade, insumos indispensáveis à inovação e à busca por soluções de impacto positivo.

Se pararmos para analisar, a Cultura atua de forma transversal no cumprimento de todos os ODSs. Em 2022, no MONDIACULT, conferência global dedicada à Cultura convocada pela Organização das Nações Unidades pela Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), representantes de 150 países aprovaram uma declaração que reconhece a Cultura como “bem público global”. A Declaração pede também, a inclusão da Cultura como um ODS específico e um conjunto de direitos que devem ser levados em consideração na elaboração de políticas públicas, tais como: a proteção do patrimônio material e imaterial; os direitos econômicos e sociais dos artistas e liberdade artística e; os direitos das comunidades indígenas de salvaguardar e transmitir os conhecimentos ancestrais.

Como exemplos, nas questões climáticas, os povos originários, como os indígenas no Brasil, são cruciais graças à sua conexão com a natureza, aos valores e aos saberes ancestrais. Já nas questões de gênero (ODS 5), redução às desigualdades (ODS 10), erradicação da pobreza (ODS 1) e trabalho digno (ODS 8), a Economia Criativa – que tem a criatividade e o conhecimento como elementos estruturantes – permite iniciativas que descentralizam à geração de trabalho e renda, estando totalmente conectada a dimensão econômica da Cultura. É estarmos atentos ao potencial transformador para os indivíduos e as oportunidades que se abrem, principalmente, para mulheres e jovens, e para o empreendedorismo. Não é de hoje que a ONU enfatiza que as indústrias culturais e criativas deveriam ser parte das estratégias de crescimento econômico, e a Resolução 71/284 pontua bem isso. Vale ressaltar também, a importância da criatividade e da inovação para o desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e das Indústrias em geral.

Essa visão multidisciplinar faz todo o sentido quando vislumbramos um mundo mais justo, responsável e viável para as futuras gerações.

Em 2021, em celebração a esse dia, realizamos por meio do ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, o Festival InterArte – Economia Criativa, Interatividade e Arte, uma iniciativa com o propósito de dar visibilidade e gerar reflexões acerca desses temas. O Festival está com o conteúdo disponível para acesso. Para assisti-lo, clique aqui.  

 

Por Luanda Bonadio

 

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